terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Anti-mar

 

Somos lago e mar

Entre nós há rios

Estradas e trilhos

E eu parei de desaguar

Até... você secar

 

Faltou chuva

Eu sei, é minha culpa

Mas vou derreter geleiras

E me dessalinizar

Para quando te encontrar

Água jamais nos faltar

 

Ondas são da minha natureza

Mas busco paz, tenho certeza

Te tocar apenas com beleza

E descansar sem correnteza

 

Pois me perdi em tsunamis

Me dissipei em maremotos

Me afoguei em penumbra e melancolia

Desejei que não houvesse outro dia

 

Mas quando te encontrei nas nuvens

Me senti forte para me encontrar

Por isso, hoje quero te acompanhar

Ser água calma, a anti-mar

 

E se minhas precipitações trouxerem tempestades

Que você transborde apenas de saudade

Por amar e gostar de me tocar.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

O que não termino

eu sou silêncio que entra pra dentro do escuro, ecoa na alma e morre calado quando bate no muro. sou rasa e desaguo do lado mais fácil engolindo o presente, anseando o futuro. sou refluxo de ansiedade, um café de tarde, sou fantasma de luxo. sou a lágrima atrasada, a tarefa de casa, um eterno desfazer de malas, a tentativa de lembrar de tudo. sou o apego, sou medo, sou terço, sou o que mereço, o que não esqueço, o que preciso, o que não finalizo...

sou a falta, a saudade

o luto engolido

o que eu pude ter sido

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

A casa no centro

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Era uma casa muito engraçada 

Tinha tudo, menos silêncio ao redor

Era lava-jato com barulho de compressor 

Caixa d'água que derramava

Calha entupida, torneira que pingava

Goteira na parede, estralo no refrigerador

Cachorro que latia

Caminhão que descia

O clique do mouse do meu amor


Ninguém podia ter paz ali

Nem no domingo dava pra dormir

Era o vizinho com carro de som

Criança chorando em alto e bom tom


Mas era feita pra ser um inferno

Mesmo com 20 poucos mil habitantes

Em uma cidade trivial e entediante 

A casa no centro tem silêncio zero 

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sábado, 20 de agosto de 2022

domingo, 13 de fevereiro de 2022

me belisque no fim

 There's a tempo, hoje é vento, o que eu sinto não sento, já não jovem, momento. E me engasgo no trago, enquanto levo tormento. Thunder e o estrondo, já não vivo o que componho, o que engatilho suponho e disparo, de trago em trago, me rasgo e sufoco, fazendo parecer fácil, hoje eu oro. E lhe imploro, me devolva o óbvio, me afogue no tédio, me jogue de um prédio, mas não me tire de mim. Não me leve daqui. Me ajeite um milagre, me acorde mais tarde, me belisque no fim.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

O que você deixou de fazer

 


No caminho que trilhei e errei, refleti e mudei, aprendi tudo que hoje sei and I pay. Vivi e entendi que não é ok fazer coração de trincheira, while aprendemos a amar da nossa maneira, tirar a roupa de brincadeira, chamar sexo de bobagem e esconder arma enquanto cogita ser freira pra fugir da verdade verdadeira.

Fazer chifrinho com os dedos não anula os nossos medos. O que não engolimos, lembremos. Se a roupa cai, a alma sai e nesse caminho por onde a gente vai, mudei o que tinha que mudar, tirei muita coisa do lugar e o que quiser continuar vai ter que acompanhar. Vai.

Em dez anos tudo que cresci e aprendi, desafiei e conquistei, nos caminhos que já passei, errei, me perdi e se me encontrei enquanto seu nome chorei, lembrei e sussurrei, ano passado te matei e enterrei.

Mas cê chegou dizendo heeeey give me another chance to play and pay, it’s mine your playground. And to say nooo to you is hard, cause when you is hard eu nem faço esforço pra ficar acordada até tarde.

E tantas vezes fiquei acordada até tarde, sem fazer alarde e tanto caminho trilhei, aprendi o que já sabia e hoje sei, mas te deixar ficar foi o primeiro erro consciente que errei. Não reclamei enquanto suspirei, cometi e gostei.

Foi errado... agora me conte algo que não sei. Fala se alguém além de mim eu machuquei.

Machuquei eu sei. Liguei, chamei, atendi, conquistei, ignorei and aprendi that when I try to left you try to stay.    

Mente, coração rente, cê mente, cê sente, eu sinto, eu minto, eu rimo sobre mim e o ritmo que sufoca o que acredito sobre o que é lindo. Permaneço agarrada num vinho tinto, ignorando o foguinho do seu amigo até eu ceder e o problema ser comigo e não com o que você deixou de fazer.

Não vou mais lidar com a sua insegurança, isso nunca foi uma dança, eu já não sou criança, meu sangue ferve e minha memória apaga. E as coisas que eu poderia gostar de lembrar, se eu ainda não tivesse satisfação pra te dar, se eu não usasse lingerie cara que morre no seu olhar, if my favorite song ainda não tocasse in your car.  

Se esse é seu primeiro aprendizado, essa é minha última dose do whisky misturado com a rebordose do que eu nem deveria ter usado e meu banco de carona continuará desocupado, porque pra viajar eu nunca precisei de namorado.

Cada pedaço do meu corpo vacinado só vai ser livre pra ser amado quando eu aprender a te deixar de lado. Nem vai adiantar me lamber dobrado, amizade sem romance não sustenta gemido sufocado, nem o que tenho suportado. E se esse for meu legado, espero que você seja só uma experiência e não a minha última chance de ter amado.

Que seja passado, que o universo jogue os dados, que o amanhã não seja amargo, que o vento entrando pelo vidro do seu carro e o "desperado" tocando um dia seja superado. But until then I will fumar mais um cigarro, enquanto meu pulmão aguentar mais um trago.




  





terça-feira, 1 de junho de 2021

Salários, carreira, olheira, idade e o álcool.

Se via em tudo, não focava em nada. 

Calada, no frio, fazendo e refazendo malas. 

Escrevia no bloco de notas. 

Gostava de rimar na courier new, mas nunca salvava.


Lembranças, rios, amores, amigos, crianças, diários,

De repente, salários, carreira, olheira, idade e o álcool. 


Seus ídolos envelheceram, alguns até morreram, 

presa no tempo enquanto esquecia de lembrar  ...

que um dia já foi possível voar.


Entre tanto abandono e perda

Perdeu a si mesma

Incorporando quem se foi

Pra amenizar lacunas e produzir seu próprio calor

Até agora, até que funcionou


Um pedacinho de cada,

 Virou colcha de retalhos, furada de cigarros

Os únicos que sempre te esquentaram. 


Dinheiro na conta, tabaco na ponta,

álcool no sangue, buscava aventura com sua gangue

enjoada de todas as love song


Fingindo não tropeçar em todo arame farpado 

do amor romântico e socializado, 

como se o agora não fosse um 2.0 do antes, 

um pouco mais amargo.


Lembranças, rios, amores, amigos, crianças, diários,

De repente, salários, carreira, olheira, idade e o álcool.